Sandro Tikuna

Sandro no meio com seu pai Sansão e seu segundo irmão EvertonSandro Tikuna, seu nome em ticuna Tchobücü, da nação garça (cowacüã'), nascido Sandro Stéfano Pinto Flores, nasceu no dia 28 de setembro de 1992, na comunidade Filadélfia, denominada na lingua ticuna Utchigüne, na Terra Indígena Santo Antonio, municipio de Benjamin Constant, estado do Amazonas.

Sua trajetória com o Movimento Indígena inicia na comunidade, a partir de participações em reuniões da aldeia, pelo fato de ser um jovem muito comunicativo, inteligente e muito carismático. Em 2005 os caciques de sua aldeia o enviaram para a cidade de Tabatinga para participar do Encontro de Jovens Indígenas da Triplice Fronteira, organizado pela FUNAI Alto Solimões na chácara da igreja católica onde dividiu o quarto com o então Cacique Geral do Povo Tikuna, o líder Pedro Inácio Pinheiro - Ngematücü e sua esposa Gracila. Encontro que abriu portas para novas participações em reuniões do Movimento Indígena Tikuna do Alto Solimões.

Em 2008 foi novamente escolhido pelos caciques para representar os estudantes da Escola Municipal Ebenezer e falar com o então Secretário de Estado da Educação do Amazonas Gedeão Temoteo Amorim, participaram daquela audiencia, Adir Tikuna (Vereador), Odacio Suzana Bastos (representante dos pais), Professora Maria Alcemira e Lindonei (Aluno do ensino medio). Reivindicando a construção de uma Escola Estadual na comunidade Filadélfia. Logo após esta audiencia, a escola foi aprovada e construída, atualmente funciona as tres series do ensino médio, denominada Escola Estadual Prof. Gildo Sampaio - Megatanücü.

Em 2009, quando seu pai participava do  Movimento Indígena do Estado do Amazonas, Prof. Sansão (pai de Sandro)foi escolhido para ser Assessor Tecnico da Fundação Estadual do Índio (FEI), e depois como Secretaria de Estado para o Povos Indígenas (SEIND) exerceu a função de gerente da Saúde. Com essa indicação a função no governo do estado, toda a família sai do município de Benjamin Constant para a capital amazonense Manaus. Durante a estadia em Manaus a familia se envolveu com o Movimento Indígena de Manaus participando de reuniões, encontros e festas indígenas. Sandro teve contato com a COIAB e conheceu vários estudantes do CAFI mobilizando um movimento no centro da capital contra a Construção da Hidreletrica de Belo Monte. Participou do I Fórum Estadual do Povos Indígenas cantando pela primeira vez o Hino Nacional Brasileiro na lingua tikuna com a participação da artista  Djuena Tikuna no então Estadio Rivaldo Lima, o Vivaldão.

A família retorna para a comunidade Filadelfia em 2011, ao retornarem, Sandro em uma das reuniões do Movimento Tikuna na comunidade Umariaçu I, foi escolhido por caciques e lideranças para trabalharem no Distrito Sanitário Especial da Saúde Indígena do Alto Solimões (DSEI ARS), com as mudanças e a intervenção para definição do novo coordenador seguiu trabalhando como secretário no Serviço de Logística (SELOG), com o passar dos anos, em 2013 foi chamado pelo Conselho Distrital da Saúde Indígena (CONDISI ARS) para secretariar o conselho como Secretário Executivo.

Em 2012, participou da formação de crianças e jovens pelo Programa Conjunto de Segurança Alimentar e Nutricional de Mulheres e Crianças Indígenas (PCSAN), oriundo de recursos financiado pelo OMC e realizado pelo Fundo Internacional para a Infancia (UNICEF) em parceria com o DSEI Alto Solimões. Durante o projeto, foi um dos fundadores do Movimento Juvenil Indígena do Alto Solimões, a Rede de Jovens Indígenas Comunicadores do Alto Rio Solimões (REJICARS) que logo após o projeto ter os seus recurso terminados, assume a direção da mais nova organização de jovens da região. Participou de várias conferencias, encontros e seminários regionais e nacionais. Participou da II Conferencia Nacional de Jovens Indígenas realizado em Luziania (GO), II Seminario Nacional de Jovens Indígenas, I Conferencia Nacional de Juventude, Formação de Jovens Lideranças em Brasilia e foi premiado pela UNICEF por realizarem movimentos na região com trablahos desenvolvidos na area da criança e do adolescente, Recebeu reconhecimento da cidade de Belém do Pará pela organização e parceria com o DSEI ARS por realizarem a primeira semana do Bebê Cacique resultando em retiradas de registros de nascimento com o nome proprio na lingua indígena, considerado inedito. 

Em 2014 em uma de suas viagens a cidade de Brasilia, teve contato com o então Secretário Nacional de Esporte Rivelino Macuxi, abrindo portas para eventos esportivos na temática indígena via Ministério do Esporte. Escolheu a Liga Esportiva Indígena e  Rural Benjaminense (LIERB) presidida pelo seu tio Marcelo Pinto Tikuna que acreditou na parceria da liga com o Ministerio do Esporte, encaminhando a primeira demanda do esporte do Alto Solimões para a realização do I Jogos Indígenas do Alto Solimões na aldeia Filadelfia, que se concretizou em 2016 reunindo mais de 5.000 pessoas e 7 municipios em parceria com a Prefeitura Municipal de Benjamin  Constant, transformando assim em uma agenda regional na tematica esportiva indígena do Alto Solimões.

Em 2018 articulou uma audiencia na Camara Municipal de Benjamin Constant, na solenidade de reconhecimento pelos serviços prestados ao municipio pelas lideranças indígenas, Comenda de Ordem ao Mérito Mensão Honrosa.

Em 2019, liderou um abaixo assinado como estudante na Universidade Federal do Amazonas, um movimento que encaminhou a Camara Municipal de Benjamin Constant o reconhecimento do dia 28 de março (Massacre do Capacete) como feriado municipal, sem sucesso. Em novembro do mesmo ano, participou da Conferencia Municipal da Educação e novamente encaminhou como Proposta da criação de uma data no dia 28 de março como o Dia Municipal da Luta e da Resistencia Tikuna. 

Em dezembro Sandro foi convocado para uma breve reunião com os vereadores Maria Nogueira (PP), Edson Piola (PMDB) e Santos Cruz (Diretor do  Museu Maguta e sobrevivente do Massacre do  Capacete) recebendo a confirmção do Projeto de Lei municipal do poder executivo o envio do PL 004/2019 (Lei que criava o dia 28 de março - Massacre do Capacete, como o Dia Municipal da Luta e da Resistencia Tikuna). Ao ser covidado para prestar esclarecimentos e defender a proposta o contato com os parlamentares foi se estabelecendo até ser aprovado no dia 16 de junho de 2019 como Lei Municipal N 1294/2019 (Dia 28 de março - Massacre do Capacete, como Dia Municipal da Luta e da Resistencia Tikuna, portanto uma conuista que reconhecia o povo tikuna como um povo que tambem é um cidadão, que merece respeito e seja reconhecido pelo poder publico municipal para que nunca mais ocorra assassinatos de outras populações indígenas no Alto Solimões.

Sua atuação teve um papel fundamental no processo de organização, estrategias e articulação de diversas aldeias, lideranças e estudantes indígenas para que seu trabalho fosse reconhecido. A partir de então, Sandro Tikuna passou a ser o principal interlocutor entre os Tikuna e a sociedade não indígena.

Candidatou-se ao cargo de vereador em 2020, obtendo 171 votos, não se elegendo. Continua antuando no Movimento Indígena Brasileiro, articulando e desafiando o seu tempo em busca de melhorias para o povo tikuna e indígena do Alto Solimões.